Thursday, November 16, 2006

Condecorações


Alguns anos de papeis, projectos, candidaturas, reuniões com a Capitania, Direcção Regional do Ambiente, Câmara, Junta, surge a luz verde para a concessão de praia. Algumas das autoridades fazem a inspecção que lhes compete e tudo ok, outros marcam o dia e a hora e simplesmente não aparecem nem se dignam a responder.

Verão 2006, numa terra que já teve uma grande noite e que agora tem um mês de Agosto cheio de praistas de marmita e geladeiras, aparecem uns putos cheios de ideias, eles devem estar loucos. Montam no meio do nada um bar, uma zona de espreguiçadeiras com serviço de bar, campos de Volley, praia vigiada e limitada para não ser invadida pelas barracas e para cumulo dos cumulos era limpa todos os dias, construções na areia que aqui não vinham desde 1983, festas, Djs, Jam sessions ao pôr do sol, churrascadas pela noite dentro (só pode ser com cunhas, mas não, eles até licença têm, dizem alguns).
A publicidade foi feita boca a boca, e os clientes desejosos de alguém que os receba com um sorriso, tornam-se fieis, enfrentam as nortadas, as chuvas, o sol do meio dia, o frio da noite, ali está-se bem, é a mesa enfiada na areia, os filhos a saltarem nas redes enquanto os pais dançam, deputados conversam com carpinteiros ao som do Love boat, meninas tiram os saltos altos para sentirem a areia nos pés, de olhos fechados a dançar a receberem os primeiros raios de sol de um dia que promete.
Este foi o crime, não se pode ter sucesso neste país, se as coisas corressem mal, eles eram uns coitadinhos, mas como correu bem...

Hoje o meu sócio recebeu uma notificação de que foi levantado um auto porque as pessoas estavam a dançar às 5 horas da manhã no pico do verão e a Câmara que não sabia o que responder aos nossos requerimentos prepara-se para nos premiar com uma multa, o excelente serviço prestado a esta bela cidade.
Ao menos no dia que a GNR nos visitou para escrever, porque a música estava alta nesse dia não estava desligada, como aconteceu um mês depois em que a concorrência não podia dormir com o barulho. Seria o meu telemóvel??

Será que vão responder agora, se já podemos construir a rampa para as cadeiras dos deficientes e os carrinhos de bebé, é que o Sr. Abilio quer tomar um copo e não gosta de pedir ajuda para passar aqueles degraus.


Que vontade de imigrar...

4 comments:

Miguel said...

Sem dúvida! Premeia-se quem não faz nada e castiga-se quem tem iniciativas e quer construir algo!

Em Viseu, tive uma empresa de limpeza de automóveis. Tive mil e um problemas para abrir a empresa e quando ia ao centro de emprego, repleto de desempregados, para contratar alguém, a doutora simplesmente dizia que ia ser dificil porque era um trabalho que as pessoas não gostam!!! Viva o luxo!!!

Tb gostava de explorar uma praia aqui em baixo, mas acho que já não tenho paciência para tanta incompetência. Rende mais ficar a apreciar os bikinis e trabalhar pó bronze. E de vez em quando lá se faz um salvamento!

Mas não desistas!

L

Sem sono como sempre said...

Como alguém que comentou este post por mail(o que está a virar moda aqui)escreveu, eles são "Portuguesinhos" e tu és Português

always in the air said...

tu dá-lhes....

Selene said...

A burocracia reina. Em relação ao centro de emprego, tam como o L. diz, é um problema. Primeiro que se consiga arranjar alguém tem que se passar por 1001 burocracias e formulários :)) Mas deve mudar este estado das coisas em geral..eu tenho esperança! Quanto à rampa, nem devia ser precisa nenhuma autorização, afinal é para cumprir a lei, não é? :)