Roubado a um amigo da casa
Basta!
Há uma curiosa similitude entre a noite da mulher e os saldos na Berska e da Zara. Se repararem bem, em qualquer uma das situações, existem centenas de homens à porta e imensas mulheres lá dentro. A diferença, é que de um lado os homens esperam que elas saiam e do outro esperam para entrar. Por isso, eis chegada a altura de dizer: Basta! Ou Chega! Ou Parem lá com isto! Ou chega-te para lá que quero dormir!
Como homem, sinto que devo dizer qualquer coisa e se as mulheres tiveram a queima dos soutiens em 1969 que as levou ao movimento de emancipação com os resultados que se conhecem, é justo que nós homens, tenhamos a nossa queima dos boxers em 2008 tendo em vista a igualdade dos nossos direitos também na diversão nocturna. Então essas palmas? Eu não estou a ouvir nada? E assim, homens de todas as raças e idades, jovens e idosos, com bigode ou patilhas à Zeca Afonso, da mais alta burguesia ou mais pacato bairro social, tu e aquele ali – vocês sim! - saibam que estão convocados para um extraordinário encontro onde iremos decidir o que fazer para conseguir o que perseguimos. E o que queremos? Pouco mais do que tudo.
E assim, camaradas, antes de tudo é necessário termos um refrão com palavras quentes e fácil de decorar: algo como: Assim não, prefiro o Ramadão! Ou: Queremos mulheres à maneira, venham à festa da mangueira! Ou melhor ainda: Um homem é diferente, mulheres cheguem-se à frente! Está bem, está bem, para começar não está mal mas é possível fazer melhor. Depois disto, teremos que deixar crescer o bigode em homenagem aos sindicalistas dos anos 80 e também a barba em homenagem ao grande reitor José Barata Moura autor do imortal clássico 'Come a papa, Joana come a papa!'. Reunidas estas condições, é altura de agirmos e fazer valer os nossos protestos junto de quem nos interessa ouvir. E assim, partiremos unidos para a 24 de Julho, para as discotecas da Foz e os bares de Matosinhos, para o Lux, para a Industria, para o Twins, para a Kadoc, sempre com a mão no ar e os archotes acesos, visitaremos cada uma das capelinhas como se fossemos inspectores da A.S.A.E. e em todas eles revelaremos o nosso protesto, que não pode ser, que estamos fartinhos de sermos nós a pagar, que chegou a vez delas – toca a dividir a conta! - Que ser homem também pode ser razão suficiente para nos organizarem uma festa semanal onde terão a certeza que encontrarão os rapazes mais apetecíveis.
E será tão bonito. De Segunda a Domingo, haverá uma festa do homem em qualquer discoteca da cidade onde o sexo masculino não paga rigorosamente nada e as mulheres são obrigadas à porta, a pagar um consumo mínimo de 20 euros oh faz favor! Já lá dentro, os homens serão obrigados a beber toda espécie de bebidas - vejam bem! - sendo dado a cada um dos presentes, uma caneca XL e um calendário da Pirelli com miúdas gostosas e em tudo parecidas com a nossa vizinha da frente. Na música, em vez da latinada do costume com frases que acabam em ' amor de mi vida! e 'vida loca!', haverá Heavy Metal com fartura e toda a espécie de martelada dos fieis seguidores do Tiesto. Já à porta, as mulheres que agora se acotovelam para ver os rapazes, serão obrigadas a usar tops justinhos, saia curta e uma permanente muito semelhante à usada pela ex-primeira dama Manuela Eanes nos idos anos 80, de preferência, com uma dose de laca suficiente para sobreviver a um tufão de grande magnitude. Todos os dias, a festa do homem será a grande rival da festa da mulher. E em breve, a grande questão será esta: Qual dos dois sexos, irá sofrer mais rapidamente de cirrose?
Janeiro 2007